quarta-feira, 13 de março de 2024

A Frase (58)

Há democratas e democratas. Há os que aceitam os resultados eleitorais como reflexo do que, em cada momento, a sociedade pensa, e os democratas que só apreciam a democracia direta quando esses resultados lhes agradam.          (Pedro Cruz, DN)
A noite de domingo não trouxe previsibilidade, nem governabilidade, nem facilidade na formação de um Governo estável, mas o resultado é a decisão do povo soberano. Esse povo tantas vezes evocado, mas também tantas vezes esquecido por quem governa ou faz oposição. (...)

O Chega e o seu milhão de votos? Nada surpreende, foram arrancados ao PS e à abstenção. Não há, em Portugal, um milhão de pessoas racistas, xenófobas e radicais. Mas há um milhão que deixou de acreditar nos partidos do costume, que está farta de tantos impostos e de tanto Estado, que canaliza esse descontentamento para o voto. Os desencantados com o “regime” são aqueles que não viram em 50 anos resposta para os problemas do dia a dia. Cada voto no Chega é da responsabilidade do PS e do PSD. O centrão já não consegue reter os desencantados. (...)

É possível que tenhamos de voltar às urnas ainda este ano. Se isso vier a acontecer por causa dos jogos palacianos no Parlamento, fica já o aviso - não estranhem se o Chega subir ainda mais. Depois não vale deitar as mãos à cabeça e chorar sobre leite derramado. O tempo, agora, é de responsabilidade e não de tática. De construção e não de bota abaixo. De serenidade e não de gritaria. Se cada um fizer o seu papel, se os resultados eleitorais forem respeitados, se o Governo que vier governar bem, talvez os descontentes voltem “a casa”. O povo é quem mais ordena não pode ser só um verso de uma cantiga.

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