" Nestes montes solitários
Onde a desgraça me tem
Brado, ninguém me responde
Olho, não vejo ninguém."
Esta quadra popular, como refere o Público hoje, expressa bem o drama de mais de mil idosos que vivem sós e isolados, a braços com as dores da alma e do corpo, minados por doenças crónicas, resignados à sua sorte, até que vão ao encontro da solução final na pernada de um chaparro, na "porção mágica" do 605 Forte ou no fundo de um poço.
E não se faz nada?
Sim, mas com muita dificuldade.
Desde Janeiro de 2010, que a Unidade Médica de Saúde de Odemira trabalha no projecto Vida Vale, numa tentativa para reduzir as taxas de suicídio.Visitam 1153 idosos, destes, apenas 156 não estão a viver em montes isolados.997 têm mais de 65 anos e, destes, 779 têm entre 65 e 80 anos. Muitos vivem sozinhos, muitas vezes sem luz ou água canalizada e muito menos sem telefone. (Fonte:Público)
Os caminhos para chegar a estes montes isolados são difíceis e tortuosos para os mais novos que levam assistência quanto mais para os idosos que lá vivem.
Há dias, fui ao Alentejo, julguei que seria fácil o acesso à zona onde me dirigia, visto localizar-se perto de boas estradas. Engano meu. A estrada acabou e durante os 6 ou 7 Km seguintes foi um autêntico carrossel. Não encontrámos vivalma e os caminhos uma lástima. E, sim, por ali mora um casal de idosos que ainda trabalham no campo, mas escondem-se com medo de assaltos sempre que avistam alguém que não conhecem. Segundo consta, atingem este ano a reforma, no entanto, durante anos semearam às escondidas, em zonas de difícil acesso, porque lhes pagavam para não semear, única coisa que sabiam fazer e para a qual viviam.- São vidas difíceis, quando ali não muito longe, encontramos estradas e auto estradas por onde correm a grande velocidade uns outros a caminho das estâncias balneares.
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