Para além da facilidade de comunicar pela Internet, seria bom saber o que trouxe à cena política as várias guerrilhas do nosso patético radicalismo. Claro que a desagradável tendência para a exibição (e a exposição) explica uma parte substancial deste amor romântico pelo espectáculo. A peonagem obscura da sociedade portuguesa descobriu de repente que a política era um bom caminho para a “fama”; e a crise, naturalmente, produziu a sua própria colheita de “famosos”.
Mas de que estarão convencidos na intimidade da sua cabeça, se de facto a têm, os “protagonistas” das melancólicas seitas, que hoje ocupam a televisão e os jornais? Presumo que uns tantos ambicionam genuinamente governar, um impulso normal em pregadores de profissão. E não me admirava que meia dúzia de outros se convencesse mesmo de que a Pátria precisava das suas luzes.
Mas, no fundo, suspeito que a comédia se basta a si própria. Aquelas pessoas que se arrebanham e separam, se elogiam ou injuriam, que se indignam ou extasiam, que prometem à Pátria a salvação ou o abismo, não aspiram a mais do que a passar o tempo, entre os membros da sua tribo que não sentem, como eles, o ridículo e a futilidade do exercício. E verdade seja dita são inteiramente inócuos.
Vasco Pulido Valente, J Público
1 comentário:
Um dia falaremos de gente séria
Enviar um comentário