sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Poderá Alzheimer Ser Transmitido Pelo Sangue ?

Infecção por beta-amiloides

Ao longo dos anos, tem crescido entre os médicos, devido a observações episódicas, a suspeita de que a doença de Alzheimer possa se propagar através de transfusões de sangue e dos equipamentos cirúrgicos, mas tem sido difícil documentar evidências definitivas de que isso aconteça de fato.
Agora, um experimento um tanto estranho conseguiu a confirmação de que a proteína mais associada ao Alzheimer - a beta-amiloide - pode se espalhar de um indivíduo para o outro e causar degeneração cerebral.

A demonstração foi possível graças a uma técnica chamada parabiose: a anexação cirúrgica de dois indivíduos - dois camundongos - para que eles compartilhassem o mesmo suprimento de sangue por vários meses.

Os resultados não deixaram dúvidas: os camundongos normais, não predispostos ao Alzheimer, passaram a acumular a proteína em seus cérebros e apresentaram os mesmos déficits cognitivos dos seus companheiros geneticamente propensos à doença.
"Esta é a primeira vez que se constatou que a beta-amiloide entra no sangue e no cérebro de outro camundongo e causa sinais da doença de Alzheimer," disse Song.
Isso aumenta a suspeita da possibilidade de transmissão do Alzheimer - via transfusões ou equipamentos cirúrgicos - porque, além do cérebro, as proteínas amiloide-beta são produzidas nas plaquetas sanguíneas, nos vasos sanguíneos e até nos músculos, e sua proteína precursora é encontrada em vários outros órgãos.
"A barreira hematoencefálica enfraquece à medida que envelhecemos. Isso pode permitir que mais beta amiloide se infiltre no cérebro, complementando o que é produzido pelo próprio cérebro e acelerando a deterioração. A doença de Alzheimer é claramente uma doença do cérebro, mas precisamos prestar atenção ao corpo inteiro para entender de onde ela vem e como interrompê-la," concluiu Song.

Príons

Outro indício que apoia a ideia da transmissão da doença de Alzheimer é a doença de Creutzfeldt-Jakob - o popular Mal da Vaca Louca - que também envolve o dobramento incorreto de proteínas e é transmissível.
Além disso, de acordo com a revista New Scientist, cerca de 50 anos atrás, dezenas de crianças com problemas de crescimento foram tratadas com hormônio do crescimento retirado de cadáveres. Muitas delas passaram a desenvolver Doença de Creutzfeldt-Jakob, já que esses cadáveres possuíam príons, moléculas infectantes capazes de modificar outras proteínas. E, décadas depois, exames post-mortem de algumas dessas pessoas também mostraram placas de Alzheimer, apesar de terem 51 anos ou menos de idade na época, uma idade muito precoce para Alzheimer.

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