Com que vida encherei os poucos breves
Dias que me são dados? Será minha
A minha vida ou dada
A outros ou a sombras?
À sombra de nós mesmos quantos homens
Inconscientes nos sacrificamos,
E um destino cumprimos
Nem nosso nem alheio!
Ó deuses imortais, saiba eu ao menos
Aceitar sem querê-lo, sorridente,
O curso áspero e duro
Da estrada permitida.
Porém nosso destino é o que for nosso,
Que nos deu a sorte, ou, alheio fado,
Anónimo a um anónimo,
Nos arrasta a corrente.
Ricardo Reis
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