... O problema não é a política. São os políticos.
A abstenção dos jovens também se explica por razões mais negativas. Muitos deles não acreditam que o seu voto faça alguma diferença. Os meus filhos já têm idade para votar e pela primeira vez votaram os três nas eleições europeias, sobretudo pelo sentido de dever e de responsabilidade, mas sem grande entusiasmo. Como disse um deles, “Pai não há grandes diferenças entre o António Costa e o Rui Rio, e mesmo a Assunção Crista também não é muito diferente.“ Esta observação não tem a ver com diferenças entre direita e esquerda. O problema é que muitos jovens olham para os políticos e os partidos como fazendo parte de um status quo onde não há inovação nem inspiração.
Para a maioria dos jovens, as questões de costumes e de minorias deixaram de dividir aqueles que são de direita ou de esquerda.(...) Não lhes passa pela cabeça que haja qualquer tipo de discriminação contra homossexuais ou pessoas de outras raças. Para eles a igualdade entre pessoas de raças ou com orientações sexuais diferentes é simplesmente um dado adquirido. Ou seja, estas questões vão deixar de ter uma dimensão política.
Os nossos jovens, que nem sempre votam, preocupam-se e muito com o seu futuro. Muitos ficam chocados quando começam a trabalhar e se apercebem dos impostos que vão pagar. Pior ainda, são aqueles que começam a sua vida profissional com trabalhos precários, sem qualquer segurança para o futuro. Como vão estes jovens comprar casa e começar famílias? Só há uma solução satisfatória e duradoura: dar liberdade aos jovens para criar riqueza. Mas temos partidos políticos que não gostam de liberdade nem de cidadãos livres. Em grande medida, foram os jovens que começaram novos negócios em Lisboa, desde cafés alternativos, hostels, bares, até outro tipo de serviços para turistas. Mas mal começaram a ganhar dinheiro, vieram taxas, limitações regulatórias e mais impostos.
Os jovens percebem que o PS de Costa e o PSD de Rio não têm imaginação para construir um país para o futuro. E também sabem que o PCP e o Bloco querem sobretudo manter o país do passado. Além disso, não sentem qualquer tipo de admiração pelos atuais líderes políticos.
Senhor Presidente, com partidos que se limitam a gerir o presente, procurando manter grande parte do passado, e sem propostas para um futuro mais rico e mais livre, os jovens não se vão interessar pela política. O problema não é a política. São os políticos.
(Excertos do artigo de João Marques de Almeida, OBSR)
1 comentário:
Covenhamos, 70% de abstenção ... não são só os jóvens. Há muito tempo que muitos os "adultos" convivem com estes -não eleitos- políticos.
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